Foi há dez anos. Eu estava em Sampa, numa fila para comprar ingressos
para uma peça teatral. E eis que ele surge, de bermudas e chinelos,
oferecendo a cada um seus dois livros... Ele - Plínio Marcos. Os
livros: Uma Reportagem Maldita (5a. edição), 98p., edição
do autor, e "Na trilha dos Saltimbancos" 53 pag., Editora Marba. Na dedicatória
do último para mim, apenas meu nome, a palabra ENCANTO...
e sua assinatura. Hoje Plínio Marcos ficou encantado...
Registro o fato como solitária homenagem e transcrevo para vocês,
amigos, a ABERTURA do Na Trilha...
"Anos e anos a fio na trilha dos saltimbancos.
Andando, andando, andando de lugarejo em lugarejo; de vila em vila;
de cidade em cidade, onde as multidões envolvidas nas turbulências
de suas paixões, se degeneram no bailado da insensatez.
Sempre em praças sem liberdade;
Em jardins sem flores;
Embaixo de céu sem estrelas;
Nas margens de córregos por onde escoa a merda.
E onde armo minha poesia.
(João pregava no deserto, se isso não tivesse importância,
porque, então, cortaram sua cabeça?)
Por causa da minha poesia.
Tenho sido maldito, perseguido, preso, espancado, expulso... mas não
importa. Não estou sujeito às leis do reino da banalidade.
E esse não estar é justamente o fascínio. O encanto,
a magia, o mistério da vida dos andeiros. E esse andar sem termo,
um constante convite para a delirante fuga da rotina, para o sonho profético,
para a poesia".
Ele e Zé Keti devem estar tomando um belo porre poético. Mas que perdas tão seguidas tivemos!!!!!