Lei da selva

É questão ambiental é, talvez, a mais crítica do momento atual! Talvez, não! Absolutamente!

A poluição e o extrativismo predatório estão comprometendo progressivamente a capacidade restauradora da natureza. O resultado dessa escalada insana é sensível, para não dizer dramático: Aumento da temperatura global, desertificação, deterioração de mananciais, extinção de espécies... E tudo em nome do lucro!

Para os que habitam as metrópoles - preocupados apenas com seu sucesso social e profissional, e alucinados pelo consumismo materialista - isso parece um problema distante, só lembrado quando os meios de comunicação noticiam tragédias imediatas. Então, é preciso que ativistas pratiquem atos radicais, ou que o sangue de ambientalistas e missionários seja derramado, para que o assunto seja discutido. E, mesmo assim, não são poucos os que se assombram e interessam mais com as cifras dos negócios envolvidos, do que com os crimes e devastações que decorrem deles.

Nesse exato momento, florestas estão sendo dizimadas, rios estão sendo poluídos com metais pesados e produtos químicos, e animais exóticos estão desaparecendo, para que o poder econômico ostente sua estupidez elegante com mobiliários, jóias e peles.

Nem tão distante de nós, a periferia das grandes cidades, que, antes, concentrava o plantio de hortaliças, hoje, perde espaço para a exploração de areia para construção civil.

Manejo sustentado? Apesar do rigor da legislação ambiental brasileira – uma das mais ambiciosas e completas do mundo – ainda prevalece o ditado: “O que os olhos não vêem, o coração não sente!”, mesmo que esses olhos tenham a abrangência e precisão da lente de uma câmera de satélite. Só que todos os sentidos - inclusive o da visão – sofrem as conseqüências!

O que preocupa é que até os maiores defensores da natureza: os índios; têm sucumbido ao fascínio do poder econômico.

O extrativismo predatório beira os limites da coerência de quem acredita estar acima de seus atos. Para ascender às “altas rodas” empresariais e sociais, ou simplesmente comprar coisas e pessoas, se servem de políticos e fiscais corruptos, e de assassinos profissionais, da natureza e de seres humanos. A única lei que respeitam é a “lei da selva”. Só que essa lei, em seu estado puro, nunca comprometeu o equilíbrio do planeta, nem seus protagonistas naturais obtiveram dela mais do que subsistência.

Aos crimes ambientais sempre estão associados crimes comuns, mas o maior crime cometido é contra a natureza e a humanidade! Enquanto os responsáveis e seus cúmplices não forem punidos pela potencialidade genocida de seus atos, o lucro de suas atividades continuará comprando sua liberdade, o silêncio dos coniventes e a desgraça ou morte dos que os contestam.

Há uma guerra definitiva sendo travada em todos os cantos do mundo, e ninguém está imune a seus efeitos! No mais, é sempre bom lembrar que para viver sob “lei da selva” é preciso que haja uma selva...

Adilson Luiz Gonçalves

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