SILÊNCIO

Naquele lugar, o silêncio tem a força de um tremendo barulho.
O canto dos passarinhos assemelha-se à buzina dos automóveis.
O dos sapos, ao grito dos histéricos.
O dos peixes, à partida dos aviões.
O do vento, ao motor dos carros de corrida.
Foi só chegar o primeiro homem lá, pra ficar surdo.
Surdo e desencantado.

                            P. J. Ribeiro

Do livro: Um terno do fundo do armário, Ed. do autor, 2009, Cataguases/MG

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