Neste 7 de junho de 2004, estamos completando 15 anos sem NARA LEÃO.
Ela sempre foi minha cantora preferida, e fez parte daquela geração
maravilhosa que nos concedeu ALAÍDE COSTA, DÓRIS MONTEIRO,
FAUSTO WOLFF, DARCY RIBEIRO, LEILA DINIZ, TOM ZÉ, LAMARCA, o cinema
novo, e um Brasil verdadeiramente digno e exuberante. Nada poderá
superar a ausência de NARA, exceto a divulgação de
seu canto melódico, doce, etéreo, destemido. Nara era humilde,
nunca se considerou especial,e vitava badalações e a mídia.
Parecia frágil como uma flor, mas desafiou o regime autoritário
da época, num momento em que poucos ousavam sequer discordá-lo
abertamente. Quase foi presa, não fosse a intervenção
de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE e outros brasileiros ilustres. Nara revelou
os novíssimos compositores, colocou os compositores negros do morro
na pauta do dia,gravou o que havia de melhor em música popular brasileira,
standards da música norte-americana em rítmo de bossa-nova,
gravou música para crianças com um lirismo invejável,
música latino-americana, foi a melhor intérprete de
CHICO BUARQUE, e apoiou a Tropicália quando muitos artistas rejeitavam
os novos compositores baianos. Ela e JERRY ADRIANI (o verdadeiro rei da
Jovem Guarda) foram os responsáveis pela vinda do saudoso RAUL SEIXAS
para a região sudeste.
Nara foi mãe, mulher bela e encantadora, que jamais se curvou
perante os modismos e a acomodação. Sua lembrança
se faz necessária contra esta época de hegemonia Lulista,
Bush, Blair, silicones, Sharon, transgênicos, Tv sonífera,
música estúpida vendendo milhões, violências
de toda espécie, capachos do capitalismo, filmes brasileiros feitos
para Hollywood ver, e miséria absoluta.
Everi Rudnei Carrara