Morre Paulino Rolim de Moura, Paladino da Arte Lítero-Cultural
No dia 14 de junho passado, faleceu em São Paulo, o polivalente fora de série, Paulino Rolim de Moura. Paulino era uma espécie assim de Paladino da Imprensa livre, transparente e democrática, excelente Promotor Cultural como nunca se viu, Literato com trabalhos em prosa e verso, além de valorado Crítico Social. Era natural de Itararé, estância boêmia ao sul do Estado de São Paulo, e, com mais de 80 anos era o baluarte – companheiro, ombro amigo, divulgador, fã número um - da Poeta Elisa Barreto, a quem dedicou sua vida inteirinha, até intermediando indicação da ilustre poeta de renome e talento ao Prêmio Nobel de Literatura. Paulino era filho de Walfrido Rolim de Moura, tido historicamente até como o maior e melhor jornalista da cidade histórica de Itararé, político, polêmico, defensor da ética jornalística, de quem certamente herdou a verve, o estilo e, no seu modus operandi, criticando as mazelas do país, fez nome, foi divulgado pela grande imprensa, tornou-se mesmo um defensor da natureza, ecologista pioneiro na área, além de ter tido toda uma vida brilhante e aguerrida a defender sua amada de quilate lítero-cultural, a Poeta Elisa Barreto, a quem divulgou, editou, protegeu, amou, acompanhando-a até recentemente, quando Elisa faleceu. Morrendo agora, pouco depois do falecimento de sua amada, Paulino deixou a sua marca registrada de guerreiro, de sensível, de lutador que honrou sua gente, seu tempo, a arte e a promoção da poesia em todos os segmentos sociais. Uma perda irreparável, pois, Paulino era sim, imprescindível. Nunca haverá outro guardião da moralidade e da promoção poético-literária como ele. A poesia está órfã. A poesia agoniza ainda mais. Paulino Rolim de Moura editou recentemente o livro-documentário “A Poesia Brasileira de Elisa Barreto”, 136 páginas bancadas pela PRM-Edições (Produções Culturais) para registrar a obra excelente de sua esposa e musa, como forma de homenageá-la também depois de morta. Paulino Rolim de Mora radicado na Zona Leste de São Paulo, foi elogiado por pessoas como JK, Jânio Quadros, Vicente Leporace (Rádio Bandeirantes), Hernani Donato, Eduardo Suplicy, Revista Veja, entre outros, entre os quais a própria Elisa Barreto que o tinha como seu melhor amigo, incentivador e sustentáculo. A propósito de Paulino Rolim de Moura, assim se expressou o historiador Hernani Donato (da Academia Paulista de Letras): “...Você é fora de série no insistir, pelejar, bater em portas, gritar junto de ouvidos surdos(...) Houvesse um Nobel para esse tipo de talento (divulgar a poesia, a literatura) e você seria o distinguido modelar(...)”. Quando dos 450 Anos de São Paulo, junto a Nankin Editora, Paulino Rolim de Moura como organizador responsável editou o livro “Poetas Paulistas”, elencando autores paulistanos de renome (entre os quais Álvaro Alves de Faria, Cláudio Willer, Geraldo Vidigal, Paulo Bonfim, Renata Pallottini), com os quais conviveu em alto estilo e pelos quais era respeitado nesses mais de sessenta anos que batalhou na capital paulista, feito um guardião moral, um paladino da arte e cultura. Autodidata, Paulino Rolim conhecia a arte literária como ninguém, viveu, batalhou e amou a vida pela poesia que sonhava ser difundida, estudada, promovida e valorada no seio sócio-escolar. Morreu em vão? Ficou a semente de seu sonho. Ficou o seu exemplo. Ficou o orgulho de tê-lo como exemplar ser humano, farol norteador e pessoa fora de série, nesses tempos conturbados que o consumo vale mais que o amor, a arte, a cultura. Como não podia viver sem a sua eterna Musa, a Poeta Elisa Barreto, logo depois dela tê-lo deixado, ele também empreendeu a sua passagem e descansou, guerreiro das palavras, amante do verbo poetar que ele conjugou como ninguém. Paulino Rolim vai fazer uma falta enorme. Nunca haverá outro igual.
Silas Corrêa Leite
S. Paulo, 16/06/06