O último grande editor brasileiro faleceu há um mês. Pedro Paulo Moreira, editor há 50 anos, era dono da Itatiaia e construiu uma grande empresa vendendo livro. Todos os outros de sua geração faliram, quebraram, desistiram. Todos: José Olympio, Caio Prado, Ênio Silveira. Menos ele, que começou vendendo as coleções de José Olympio de porta em porta. Todo escritor pensa que os editores ganham rios de dinheiro com seu trabalho. Enganam-se: publicar um livro é um risco, nunca se sabe se o livro vai vender, e do preço de capa ganha 10% o escritor, o distribuidor, o livreiro, a gráfica, o capista, o revisor etc. O preço do papel é cotado em dólar por um mercado internacional. A media também é muito cara, a propaganda, o prestígio do livro. O livro é loteria: Você pode publicar uma obra-prima e não vender nada, ou enriquecer vendendo uma obra medíocre e passageira. O mercado de livro é muito sensível às crises econômicas. O leitor só compra livro quando o dinheiro sobra (exceto o intelectual). Por isso, quando penso em Pedro Paulo vejo um vencedor da tempestade. Ele era dono de várias editoras além da Itatiaia, como a Martins, a Briguiet, a Garnier, a Villa Rica, etc. Tinha cerca de 5 mil títulos no seu catálogo. Pedro Paulo faleceu aos 82 anos, vítima de um desastre de automóvel numa das estradas da sua querida Minas Gerais. Era o último grande editor brasileiro vivo.
Rogel Samuel