Horizonte de Pedra

Os olhares não se inquiriram sabidos das óbvias e vãs respostas!
Omitidos se internaram caprichosos numa mescla de malícia no percalço do ponto e virgula;
o dia era embaçado, ou embaçados os pensamentos calçados dos olhares?

Um guindaste era necessário para retirar a pedra do morro e abrir um vão para o olhar.
Alguém comia ensopadinho de mandioca e outros comentavam a rã à milanesa no boteco da esquina, morada da imaginação ou um ponto de parada para se mudar o assunto.

A véspera não chegaria em tempo, afirma o pensamento já querendo se vestir de novo nas discordâncias.
O pensar leva o tempo, mas tempo de quê e para quê indaga, se o substantivo era o sujeito do verbo olhar!

E olhou-se infantilmente, viu as casas e sublimou-as no apartamento familiar, jogou bolinhas de gude... olhos que em crianças cresceram cheios de privações.
Tudo aquilo não havia sido marcado para o jogo daquele dia.

Os trilhos para os bondes cortaram as pedras nas ruas:
Tempo passando a história ao olhar, furtivo lendo como no passado sempre em riste.
Agora havia um ângulo de noventa graus.
Seria inventável ainda um outro olhar sabido da incerteza da cegueira de ontem ou da agora?

Um guindaste era necessário para retirar a pedra do morro e abrir um vão para o olhar.
Esvoaçados sonhos nesse brincar de melindrar-se na brisa e no rolar pedra abaixo.

Marlene Andrade Martins

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