os presos no retrato

Pareciam assustados. Estavam - para sempre - presos num estranho retrato pintado à mão. 
Eram onze. Sóbrios demais para quem viveu num passado em constante desafago.
Havia mais uma, mas ela chegou atrasada para o retrato. Ficou de fora feito nuvem que chega depois da chuva. Feito peixe que escapa da tarrafa e vê seus irmãos serem sequestrados do mar. 
A última deles, talvez se chamasse Inácia ou Luciana, ficou para sempre presa fora da moldura. 

 

Evaldo, o orgulhoso

Pra você é de grátis, ela disse. Não comi, sou homem de orgulho. Não vou dar moral pra puta que rejeita meus dez reais.

Rubens da Cunha

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