O sorriso entre as árvores de ontem,
Maria Helena Bandeira
5º capítulo
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Pode ser ilusão.
Mas o que compõe a realidade senão a matéria de nossos
próprios sonhos aparentemente corporificados?
Como saber se o outro existe realmente ou é apenas produto de cotidiana
criação?
Vejo. Ouço. Toco. Mas estou prisioneiro de minha própria
mente.
Sozinho no absoluto nada, inventando uma vida que é o meu momento
particular.
O tempo é uma criação da consciência.
Se realmente fugi, atingi o Cérebro dos programas, o Coração
do Observador, o Ninho, o Ovo e de lá retirei, intactos, meu holo
e o de Vera Escuderas, então esta é a verdade para mim.
Às vezes sonho que estou na calçada, em frente ao Grande
Arquivo, faminto e abandonado.
Mas, geralmente, minha vida é aqui, nesse lugar especial, ao lado
de minha amada e me divirto misturando nossos hologramas.
Ela desce comigo no escorrega de água e caímos no oceano,
onde seu barco nos espera.
E navegamos até o concerto no Parque Itatiaia onde, como dois jovens
apaixonados, ouvimos a musica encantada de Rodrigo Escuderas.
Posso escolher as combinações que desejar.
Assim eu vivo, eternamente, ao lado dela.
E milhares, milhares de vezes mesmo, Vera sorri para mim no meio das árvores.
Mas nunca mais me deu as costas.
E nunca mais foi embora, sumindo na multidão.