Entrei na loja de novidades e presentes naquela manhã fria e chuvosa, característica da região em algumas épocas do ano. Enquanto olhava os artigos expostos nas prateleiras, todos rigorosamente arrumados por tipo e qualidade, notei que uma senhora já com os anos bem adiantados, tentava chamar a atenção da vendedora no outro lado da loja. Continuei a olhar os objetos expostos, pois procurava uma caderneta de notas, com certo desenho na capa que minha filha de 10 anos se apaixonara ao ver a de uma amiga. E a senhora continuava a fazer ruídos com os dedos no balcão: toc, toc, toc, e nada da moça do outro lado da loja lhe dar atenção. De repente a senhora, já um pouco nervosa, falou alto:
– Moça! Quero pagar o lenço que peguei!
E a moça veio então com ar arrogante e mal educado:
– São dez reais – falou com maus modos.
– Estou há vários minutos tentando chamar sua atenção, e você nem sequer olhou, quanto mais vir me atender – disse a senhora.
– Se quiser levar, pague e leve, mas deixe de perturbar! – falou irritada a balconista.
A senhora então pagou o lenço e saiu, com a cabeça baixa e sem jeito.
E a moça falou alto:
– Não suporto esses velhos chatos! Chegam a cheirar mal!
Com o coração penalizado, olhei em direção a senhora que saía da loja e pensei que hoje em dia, são poucas as pessoas que tem respeito por pessoas de idade. Os jovens pensam que sua paixão pela vida os tornarão imunes ao tempo e que nunca envelhecerão. Acham que sua juventude é eterna, e assim pensando, tratam com o maior desrespeito àqueles que foram jovens como eles, mas que o passar do tempo lhes branqueou os cabelos.
Será que os idosos incomodam tanto por viverem? Será que o mundo não está andando porque nascemos, vivemos, envelhecemos e morremos?
A juventude de hoje deveria entender, que estão caminhando para o mesmo patamar onde os idosos de hoje estão, e que com certeza sentirão a mesma dor quando seus filhos ou quem quer que seja assim os tratarem. O desrespeito humano não pode ser o exemplo deixado. Mas, sim o carinho e a vivência respeitosa com todos.
Devemos pensar que hoje somos, mas amanhã não seremos mais. E que a vida passa para todos. Sem exceção. |