Todos conhecemos o som do liquidificador. É um som “barulhento”. Então, imagine um liquidificador batendo as palavras e os pensamentos. Viram “segredos de liquidificador”, com som de poesia, fazendo parte do nosso cotidiano. Sim, porque letra, música, poemas, se combinam e aparecem de forma perfeita, acabada e definitiva para uma geração de interessados na poesia. Música e letra, ambas, desfilam poesia, como encontramos em Cazuza no Codinome Beija-flor:
“Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
...
Que só eu podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador.”
Percebemos que podemos ouvir e sentir a poesia no nosso dia a dia, mesmo quando sonhamos com os segredos. O que não percebemos é que perdemos a capacidade de analisar, avaliar os poemas, as palavras do momento e as letras das músicas, porque somos apenas supostos amantes da poesia. O importante é acreditar que a força do poema vai se tornando uma onda universal, presente em nossas vidas. Como diz Cazuza “Em todo o amor que houver nessa vida”:
“... pra poesia que a gente não vive
transformar o tédio
em melodia...”
A música e a poesia deveriam ter mais espaço e consideração como cultura e poderiam fazer parte da nossa história. Para isso, deveríamos começar a pensar em nos tornarmos leitores. Aqueles que gostariam e quisessem conhecer e sentir a paixão pelas artes, ou talvez, pela magia da palavra, ou, ainda, pelo sentido do som na poesia.
A poesia fica como o silêncio que grita por espaço na literatura, em particular, e na generalidade das artes.
Aí, de fato, poderíamos dizer que iria depender do modo como lemos a poesia ou ouvimos a música. E, infelizmente, o que encontramos é “...devolva o Neruda que você pegou e nunca leu...”. Temos falta de leitura e nos sobra apenas o som do liquidificador. |