Nossas esperanças

Estamos às vésperas de natal e enquanto aprecio o burburinho intenso de nossas ruas, árvores de natal coloridas, como uma esperança de vida, alegria, futuro promissor, dirigi-me silenciosamente nessa manhã ensolarada para visitar meus protegidos. Levava presentes ou seja umas lembrancinhas para as crianças e meu sorriso de fé para todas as pessoas que ali estavam. Não sabia se ia surtir efeito, mas eu tentaria mostrar-lhes o horizonte que eu amo e que faz parte de todo o planeta.

Sonhava com o tempo, com a esperança que nunca morre e que poderia trazer ao nosso mundo perspectivas de beleza e ventura. Imaginava se estaria sendo utópica, como costumava dizer minha mãe, mas mesmo assim sentia-me feliz. E feliz principalmente porque havia leveza no meu coração e um verdadeiro amor pelos meus companheiros de estrada. Não há sensação mais gratificante do que o amor universal, esse amor que é dirigido até mesmo para as pessoas que possam ter nos ferido. Mesmo porque não sabemos se involuntariamente fizemos o mesmo. E é a hora certa para nossas desculpas e reflexões no sentido de sermos cuidadosos quando nos dirigimos às outras pessoas.

À medida que me aproximava da periferia da capital, um silêncio incomodativo dominava meu coração e eu verificava como o ruidoso movimento de natal estava longe dali. Mas entrando na rua estreita de casas tão pobres pude perceber a mãe de um menino que tinha uma doença grave e que me lembrava uma criança que convivera há muitos anos comigo. A diferença é que essa criança que estava nos meus pensamentos era rica, mas morrera vitimado por essa enfermidade. A mãe, Yara, aproximou-se sorrindo chamando o filho para que me desse um abraço e pude constatar que o pequeno Marcos desinchara e parecia em plena recuperação.

A jovem mãe me abraçava, agradecia e ria sem poder controlar a alegria que transparecia em seus belos e brilhantes olhos.

Não podia esquecer quando vira o menino pela primeira vez e me lembrara do pequeno Cláudio, meu irmão que morrera com apenas cinco anos e da mesma doença. Com médicos à sua volta e ainda mais os da família mesmo assim não conseguira sobrepujar o mal daquela terrível enfermidade chamada nefrose e que o levara tão cedo.

E ali com Marcos no colo, pequeno, de olhos cor de mel e cabelos encaracolados, eu me sentia nas nuvens, encantada com o maior presente de natal que recebera esse ano, antes mesmo do dia oficial. Quase passei a acreditar no generoso papai Noel, que fizera o encanto de minha infância.

Fechando os olhos, agradecia ao Senhor do Universo a felicidade da cura de Marcos e a alegria de sua família, que sem árvores coloridas, ou luzes artificiais tinham recebido uma graça incalculável, preciosa, um verdadeiro tesouro incalculavelmente precioso.

Valera meus pensamentos quando me dirigia para lá, as esperanças que me circundaram e até mesmo o sonho de renovar um dia minhas relações com o velhinho de barbas brancas que povoam os sonhos das crianças. Papai Noel retornara.

Não podia deixar de relatar aos meus leitores nesse fim de ano esse fato que me proporcionou tanta felicidade. Não sei as novidades ou despedidas que virão ainda, mas essa alegria valeu por muitos sonhos arquivados.

Vânia Moreira Diniz

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