O RELÓGIO DAS ÁGUAS |
FLAVIO GIMENEZ |
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Sexta-Feira Treze
Acordei sobressaltado no meio da noite; o suor escorria-me das faces, eu ainda tremia misturado aos farrapos do sonho estranho que tivera. Quanto mais me lembrava, tanto mais sentia meu peito arfar e o peso insuportável da não-existência me oprimia de tal forma que pouco restava senão olhar meu rosto ao espelho.
Olhava meu rosto no espelho e nada restava senão a opressão em uma não-existência insuportável que fazia meu peito arfar, tanto mais quanto mais me lembrava. Tremia ainda, minha face banhada em suor, em meio à noite sobressaltada.
Eu não-existia, consciente do quanto o não-sentir era insuportável na noite do espelho que me cercava. |
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