O ministro da Reforma Agrária (o Ministério faz o contrário)
Raul Jungman, ex comunista e candidato a deputado federal pelo PMDB - Partido
do Movimento Democrático Brasileiro - disse, hoje, que a ocupação
da fazenda dos filhos do gerente geral do Brasil Fernando Henrique Cardoso,
"é um ato de terrorismo".
Aprendeu depressa a linguagem de George Bush.
Só não explica o que aconteceu em Eldorado dos Carajás,
onde pistoleiros fardados e a soldo de latifundiários, assassinaram
vários lavradores e continuam impunes até hoje. Seis anos
depois da barbárie. Nem as desapropriações feitas
a preços astronômicos, para enriquecer ministros e financiar
campanhas políticas.
A ocupação da fazenda dos filhos do gerente geral é
um ato político legítimo e seu principal objetivo é
mostrar aos brasileiros e a todo o mundo que a reforma agrária na
gerência de FHC é uma farsa. Existe só nos números
oficiais e na propaganda paga com dinheiro público nos meios de
comunicação de massas.
Os tais meios que, segundo FHC, dispensam a presença de observadores
internacionais na outra farsa, a eleitoral, marcada para 3 de outubro.
Ou estatais como a "Rede Globo", ou quase, como os demais.
FHC não tem colhido louros nos últimos dias e nem importa-se
com isso. O que vale são as pesquisas, mesmo montadas e cumprindo
o papel de impingir goela abaixo do eleitorado o candidato oficial José
Serra. Para qualquer dúvida Jobim e suas urnas eletrônicas
estão a postos.
Primeiro o suíço Jean Ziegler, enviado das Nações
Unidas, chega ao Brasil e constata que vivemos um quadro que chama de "guerra
social". Em seguida, é revelado o número de homicídios
nos dois meses iniciais do ano, no Rio de Janeiro: 1607, maior que o número
de mortos no conflito entre Palestina e Israel.
Para complicar um pouco mais a vida do gerente e de seu candidato,
recomeçam a surgir as denúncias de fraudes no processo licitatório
para a construção de uma rede de radares na Região
Amazônica e as conversas sobre chantagens impostas a FHC. A turma
que tem as fitas, que gravou todo o "caso", acha jeito de ganhar mais um
dinheirinho extra, ou seja, a cada eleição.
Tem Sarney, o pai de Roseana, senador e ex presidente, denunciando
a nova ditadura, pedindo observadores e falando de eleições
de cartas marcadas.
Tropas do Exército estão sendo deslocadas, já
terão chegado, para a região da fazenda dos filhos de FHC,
no município de Buritis, Estado de Minas Gerais. Vão com
a tarefa de desalojar os ocupantes e contam com o papel coadjuvante da
Polícia Federal. São cerca de 600 lavradores, camponeses
e suas famílias. Integram o MST, o maior movimento de massas hoje
do Brasil e único efetivamente organizado na luta contra o neo liberalismo.
A fazenda é dos filhos do gerente. O uso de tropas das Forças
Armadas constitui-se ato de improbidade administrativa, além de
violência desnecessária, como sempre, pois caberia à
Polícia Militar de Minas Gerais resolver o problema.
Minas, no entanto, é governada pelo ex presidente Itamar Franco,
desafeto de FHC (já não é com tanto ímpeto
assim, parece que vai pular no palanque de José Serra).
A declaração de Jungman além de um exagero, é
completada com o dedo apontado para o PT - Partido dos Trabalhadores -.
Como é ano eleitoral, ele Jungman e o ministro da Justiça,
Aluísio Nunes, também ex comunista, mostram-se aptos para
o desempenho da função de papagaios, pois repetem depressa
e pressurosamente tudo o que o chefe quer. Terrorismo? Por que?
Os responsáveis pelo massacre de Eldorado dos Carajás,
no Pará, estado governado por Almir Gabriel, tucano, tendo à
frente o coronel Pantoja, ex assessor do governador, mataram de maneira
covarde, perversa e deliberada, vários camponeses naquela cidade
para merecerem o dinheiro que levavam e levam do latifúndio. Estão
soltos, e nem se imagina que virão a ser presos. São pistoleiros
do esquema que tomou conta do País. Todas as provas colhidas e capazes
de comprovar o caráter doloso do massacre foram ignoradas pelo Poder
Judiciário (quer dizer, usam essa nomenclatura, mas...)
Anos atrás um desses fazendeiros de terras a perder de vista,
junto com seu filho, os dois, mataram Chico Mendes.
Envolver o PT a troco de quê? Os caras pensam apenas nas eleições.
É a forma mais sórdida de transformar o assunto em petisco
eleitoral e assombrar boa parcela do eleitorado, com esse história
que o PT significa retrocesso, atraso.
O MST é o MST e o PT é o PT.
Essa história de que o PT manda e o MST faz é típica
de anões políticos. De quem só conhece a linguagem
do quanto custa e do quanto que eu levo. O assunto está sendo tratado
de forma passional, pois nos seus delírios de imperador de um império
em fase de dissolução, FHC não admite que algumas
coisas sejam postas em dúvida: sua !honestidade" pessoal (não
existe, é corrupto mesmo), ou sua imensa vaidade, sejam sequer arranhadas.
Não quer só submissão, quer ser adorado/temido como
um Deus da guerra. Da guerra de traque.
O mundo inteiro vai acompanhar a ação de militares e
policiais federais em Buritis. Declarações de autoridades
governamentais classificando o ato de "terrorismo" sugerem que deveríamos
fazer uma coleta de doações e comprarmos dois dicionários:
um para o ministro Jungman, outro para o ministro da Justiça. Não
entendem patavina do que teriam que entender e
têm propósitos diversos dos que costumam falar.
A maneira como a gerência geral do Brasil reage é, exatamente,
porque atos como este mostram que o sentimento e a determinação
de luta popular não estão mortos. Vivos e capazes de injetarem
ânimo na repulsa a esse
período de truculência e corrupção montado
para vender o Brasil.
O quarto de FHC e sua mesa de "trabalho" foram mostrados pela televisão
estatal, a "Globo", imagens apresentadas como se lá estivessem baderneiros
atrapalhando e ofuscando a luz do grande "estadista" contemporâneo.
E não o contrário: cidadãos indignados com tanta
iniquidade.
O ocupação da fazenda dos filhos do gerente é
um ato de bravura e conseqüente. Por isso mesmo não tem nada
a ver com o PT de Lula. Muito menos com a corrupção do esquema
FHC. Mostra as vísceras dessa gente: podres.
É fundamental que o mundo ponha os olhos sobre Buritis. Se assim
não o for os caras matam e ficam impunes e ainda falam em lei.
Laerte Braga
Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares
Enviado por: Roberto Pugliese