A PICADA DA MOSCA AZUL
Está cada dia mais difícil entender o que está acontecendo com o mundo. São tantas as catástrofes e quando a gente pensa que o negócio não chega por aqui, surge um carrapato mortal com sua febre maculosa que vai eliminando que nem sereal killer os hóspedes de pousadas de gente fina em Itaipava, na serra carioca. E por ironia uma das vítimas foi o superintendente da vigilância sanitária do município, Fernando Villas-Boas, de 41 anos.
Nosso cenário urbanístico de favelização anelada em torno da cidade aguarda apenas a próxima enxurrada para detonar uma pandemia de dramáticas proporções sobre todas as classes sociais. Se não conseguimos controlar a febre aftosa do gado, como vamos deter a letal gripe da galinha asiática que já chegou ao ocidente?
Foi há exatamente 1 século, em 1905, que teve início a construção do Castelo de Manguinhos, onde o cientista Oswaldo Cruz desenvolveu importantes pesquisas em saúde pública que lhe valeram reconhecimento internacional. Dois anos antes ele conseguira acabar com a febre amarela, a varíola e o tifo que dizimavam a nossa população. Por sua sugestão foi criada uma lei que obrigava a todos os habitantes a serem vacinados, o que gerou a Revolta da Vacina, uma ignorância incentivada por alguns jornais da época.
Tudo isso tem uma causa em comum que é a falta de educação que emperra o desenvolvimento e que é capaz de tirar o país do patamar de maior exportador de carne do mundo, devido os diversos casos da febre aftosa em nossos rebanhos. A velha frase “a ignorância atravanca o progresso” construída lá pelos anos 50, se não me engano, continua mais presente do que nunca em nossos dias.
Se a beira do fechamento do ano fiscal, o país consegue elevar o superávit primário (receita menos despesas, sem contar os juros da dívida) para 6,1% do PIB devido a uma política fiscal restritiva, combinada com sucessivos recordes na arrecadação, acredita-se que esta “poupança saudável” anunciada por Altamir Lopes, chefe do departamento econômico do Banco Central, possa eliminar de vez as febres dos carrapatos, das vacas, das galinhas e do prefeito Cezar Maia que ainda não se curou da febril picada da mosca azul.
Luiz Carlos Pires