A CRISE MUNDIAL

O delirante mundo consumista está fazendo água e não é culpa só dos bancos que num primeiro momento, em 2003, nos Estados Unidos, emprestaram grana para quem queria casa própria a 1% ao ano, mas chegando a 5,5%, desde 2006, afinal a vida de banqueiro não é fácil não. Eles até transformaram em títulos, negociáveis para os fundos de pensão, esse recebimento de crédito futuro dos empréstimos imobiliários. Com esses títulos, clientes desses fundos de pensão compraram ações pelo mundo afora e agora por causa do calote dos mal pagadores, os bancos europeus não tinham como fazer os resgates. Daí a intervenção dos bancos centrais para acalmar os mercados.

Se isso não bastasse as casas que ainda não estavam quitadas eram hipotecadas para manter a gastança generalizada dos americanos, o maior mercado de consumo do mundo e que alimenta as nossas exportações, pobres coitados que também sonhamos com as tevês de plasma, as camionetes falantes e os celulares que tomaram conta de nossas vidas públicas e literalmente privadas, pois não existem limitações geográficas para essas maquininhas. Num futuro bem próximo elas abriram portas, janelas e garagens, pagarão contas em restaurantes, farão auto-exames clínicos, nos levarão aos buracos de Alice que nem se importará com a nossa presença, pois estará usando o seu na função de um potente vibrador.

O fascinante mundo consumista é o eterno refém do mundo monetário. O delírio plásmico das tevês digitalizadas é o cataplasma analgésico da congestão financeira que se por sua vez se alimenta nos desejos preparados por iguarias tecnológicas que logo viram restos não reaproveitáveis desse eterno banquete, a caminho de sei lá o que. Tudo muito rápido e descartável e que vai amontuando lixo tecnológico em nossos armários e de repente em nossos bolsos. A tecnologia não tem volta, pois é criação da máquina mais sofisticada do universo, o nosso cérebro, capaz também de criar os monetaristas e os banqueiros.

Luiz Pires

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