Há muita gente que, nos consultórios dos psicanalistas, nas praias e nas estações de metrô, se sente despojada de si mesmas e vive buscando a própria identidade. Mas que identidade: Partamos do princípio de que não somos criaturas carentes e vazias, pedaços ambulantes de uma totalidade perdida ou avariada, e sim seres completos e repletos de sua própria humanidade.
Cada um de nós é rico de si mesmo; é o pirata que tem guardado, no baú, o mapa do tesouro, e sabe em que ilha ele está escondido. Esse tesouro somos nós: a nossa identidade nítida e até transbordante, a diferença que ao mesmo tempo nos une e nos separa daqueles que, sendo tão dessemelhantes de nós, são os nossos semelhantes compulsórios
Lêdo Ivo
Do livro O aluno replapso, Massao Ohno Editor, 1991, SP
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