LEGADOS CONTEMPORÂNEOS
Raro o texto crítico, atual, que não aborda o termo comtemporâneo. A década de 90 foi promissora na busca de mapear produções artísticas que se encaixassem nesse significado, ora através de curadorias, ora em pesquisas e eventos.
A proximidade com o novo século impulsionou tendências e buscas de legitimar— estava sacramentado o corporativismo da produção contemporânea:as galerias, centros culturais, atelieres, marchand e o ensino das artes em geral se apropriaram de um clichê que preconizava supostos exercícios libertos de uma lógica ou estética conciliadora, enfim um policiamento surgiu para a criação artística. O resultado teve forte carga de improvisação, atraiu artistas com estilo formado, os quais, de imediato, se enveredaram para a experimentação.
O risco do déjà vu os lançou nas avalanches das Instalações, do conceitual e do subjetivismo. Criava-se um texto para justificar a obra.
A gravura, desenho, pintura representavam um retrocesso. Explodiam as plotagens, objetos e o tridimensional num exercício por vezes suicida. A tarefa artística aprimorada pela continuidade e domínio dos meios matérias e instrumentais foi substituída pelo praticismo tecnológico. Em uma mostra, o catálogo era mais imponente que a obra.
Evidentemente, não se pode desprezar a violência e o caos que atinge a humanidade, tão pouco a arte é imune a ela , mas, no contexto, o compromisso com a reflexão foi descartado em nome da COMTEMPORANEIDADE.
Hoy en todas partes se inpugnam, dijimos, las ideas fundamentales de arte. Ojos proprios y mente crítica, es importante. Vale.
Vicente de Percia
Texto publicada originariamente na Revista Mecenas, Buenos Aires, Argentina.
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