Todos os vôos cancelados!... Os Estados Unidos se revelam mais fundamentalistas do que os seus inimigos.

Aumenta o número de estadunidenses a exigirem o uso de armas nucleares contra os inimigos da sua pátria. Só que, provavelmente, os terroristas que mudaram a paisagem de Washington e de New York (aproximando incrivelmente o atual cenário da megalópole americana ao que esta metrópole tinha no fim do século XIX) podem possuir também armas atômicas provindas de sucatas bélicas do que restou da antiga U.R.S.S. e isto pode trazer devastações e extermínios em escala planetária, como um dominó da morte bem no início do século XXI. Cidadãos dos Estados Unidos usam e compram cada vez mais bandeirinhas do seu país para hasteá-las e agita-las numa demonstração de fervor nacionalista típico em países e em conjunturas totalitárias do passado e do presente. Uma massa crescente de norte-americanos se auto-intitula “defensores do Bem”, um “povo bom” e, assim, explicam a razão de tanto ódio contra seu governo em quase todo o mundo contemporâneo. Rambos; mocinhos valentes; galãs irresistíveis; as bruxas de Salem; super – homens; Bat-mans; tio Patinhas; Mickeys; hamburgueres explodindo colesterol em nossas artérias; filmes violentíssimos, sanguinolentos e muito sombrios; projeto Guerra nas Estrelas; bombas atômicas atiradas sobre Hiroshima e Nagazaki; tempestades de bombas napalm e químicas desencadeadas sobre o Vietnã e o Iraque; negação política do direito à biodiversidade; golpes de Estado patrocinados pela CIA na América Latina (com assassinatos de presidentes do Chile e da Guatemala, por exemplo); perseguição e racismo contra negros, latinos e orientais; assassinatos de John Kennedy, Martin Luther King, Robert Kennedy; as trágicas vidas de Marilyn Monroe, James Dean e de Elvis Presley; as cenas dantescas dos filmes Koyanisqatsi e Apocalipse Now;  a história da pena de morte nos Estados Unidos (e as comoções internacionais que desencadeou, o infrutífero pedido do Papa para livrar Caryl Chesmann da câmara de gás; os abusos cometidos em nome da justiça recorrendo-se desenfreadamente ao recurso penal letal); os rígidos, humilhantes e fracassados controles sobre os que entram e saem das fronteiras e alfândegas portuárias e aeroportuárias estadunidenses; o fiasco de se investir bilhões de dólares em escudos intercontinentais anti-mísseis e terem o seu território atacado por boeings em vôos domésticos; enfim, uma série de sub-produtos da cultura de massa estadunidense podem ter carreado para a terra do Tio Sam uma série de energias negativas e justificado ideologicamente todo o imaginário satânico sobre a terra e o povo que invadiu e tomou grande parte do México há quase 150 anos elaborado por seus inimigos de vários continentes. E os EUA foram concebidos por projetos puritanos e cristãos, o que, talvez, explique em parte a tentativa dos bárbaros de hoje de destruírem o que resta da bi-milenar “Civilização Ocidental Cristã”.
A literatura norte-americana de Walt Whitman, Jack Kerouak, Tennessee Willhians, William Faulkner, Mark Twain, Herman Melvillhe, Nathaniel Hawthorne, Elizabeth Beeshop, Susan Sontag e de Allan Guinsberg (entre  outros), assim como as magníficas orquestras e casas de espetáculos teatrais e operísticos e os mega-museus de arte dos EUA; o jazz estadunidense; a música sacra da terra de Neil Armstrong (o primeiro ser humano a pisar e a caminhar na Lua); as arquiteturas urbana e rural do país mais avançado tecnologicamente em todo o mundo (sempre fiquei extasiado diante do Empire State Building) são alguns dos milhares de exemplos da importância e da exuberância da civilização estadunidense. Desde criança admiro a beleza impressionante das paisagens naturais e o patrimônio histórico e cultural da terra de Sarah Vaughan, de Bob Dylan e de Andy Warhol. Não consigo enumerar tudo que me deslumbrou e me deslumbra na terra de Nat King Cole. Mas, sinceramente, nunca apreciei a Disneylândia nem os cassinos de Lãs Vegas; muitos  filmes de far-west me foram enfadonhos; tive gastrite de tanto tomar Coca Colla e câimbras entre os maxilares de tanto mascar chicletes e vertigens diante da exagerada profusão de néon e outros disparates megalomaníacos metropolitanos dos Estados Unidos. Sempre tive pesadelos diante do poderio militar da terra belicista de Barry Goldwater, sempre temi o the day after, muitas vezes associei o american way life com esperteza e lucratividade; lamentarei para sempre o fato de um país civilizado, e em nome da liberdade, ter adotado a macartista caça às bruxas nos anos 50 e interferido em assuntos internos de praticamente todos os países do mundo contemporâneo. Mas, sinceramente, nem por tudo isto acharia razoável ou compreensível o que se fez em 11 de Setembro de 2001 contra este povo e este país, próspero ou desequilibrado. E, emocionado, chocado e perplexo com tudo que tem ocorrido nos EUA nos últimos dias, rogo a Deus: “Salve a América!...”.

José Luiz Dutra de Toledo

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