Esta violenta tragédia mudará a história dos século 21.
Não dá para prever o futuro, mas alguns fatos já são patentes.
Primeiro, ficou claro que mudou a idéia de poder. A imensa força americana pode ser ameaçada por meia dúzia de loucos fanáticos. Os conceitos de guerra e combate vão mudar. O inimigo não tem mais cara, nem legiões. O gigante é vulnerável. Pela pior forma a América se descobriu frágil. Vulnerável e igual ao resto do mundo.
É a primeira vez na história que uma guerra acontece lá dentro. Vietnã, tudo, foi de fora.
A América conheceu a tragédia em casa. A América perdeu a inocência. Mudará a mentalidade americana de auto suficiência. Abala-se a crença na razão ocidental.
Vimos que a democracia é atacada pela teocracia, uma guerra em que política e religião se unem. Para o fundamentalista do Islã, a morte pode ser uma glória, com a rápida chegada ao Nirvana.
São inimigos suicidas. O ritmo inelutável da globalização econômica e política mudará, e com esse trágico crime, a América terá de questionar sua onipotência. Com todo o horror disso, o mundo louco e miserável se fez ouvir. O que podemos desejar?
Devemos pedir a Deus ou a Allah que a paranóia americana não enlouqueça Bush e a indústria de armas americana, vai haver violento revide, sem dúvida, mas podemos saber que punir os culpados não basta, não se trata de vingança ou retaliação. Isso não encerraria a tragédia.
Começou um processo, uma Guerra Santa entre irracionalidade fundamentalista e a velha razão ocidental. E isso vai rolar pelo Século 21 todo.
Podemos desejar que depois da retaliação e vingança do Bush, que a América entenda que sua liderança terá de ser benevolente, sutíl, respeitando diferencias culturais e étnicas e religiosas.
Arnaldo Jabor
Fonte: Globo.com, Jornal da Globo,
seção "Opinião"
URL: <http://redeglobo.globo.com/cgi-bin/jornaldaglobo/pagina_int.pl?controle=4>
Capturado 12/set/2001, 01h23m
Enviado por: Rosy Ferosl