Estratégia de Sobrevivência
 
Todo bom estrategista, a serviço das relações públicas ou privadas, sabe que o princípio fundamental para o sucesso de qualquer projeto é saber como deve ser aplicado, quando e qual alvo a ser atingido.

Para consulta, deve sempre trazer em seu bolso algum exemplar de "Arte da Guerra" com os ensinamentos do general Sun Tzu, provavelmente aquele escrito por Samuel Griffith.

Sun Tzu, excelente estrategista, viveu no século quarto antes de Cristo e foi um general chinês que entre outros pensamentos, filosofou: "aquele que não conhece o inimigo, nem a si mesmo, perderá cem batalhas: aquele que conhece a si mesmo, mas não conhece o inimigo, poderá ganhar como também poderá perder, com chances iguais para a vitória ou para a derrota; mas aquele que conhece a si mesmo e também ao inimigo, vencerá todas as batalhas".

Atualmente, toda grande empresa, além de conhecedores das leis de mercado e estratégias de marketing, necessita também de especialista em política pública internacional, já que as relações de venda e compra, bem como as de prestações de serviços passam pelas condições políticas existentes entre os países de primeiro, segundo e terceiro mundo.

As civilizações humanas com suas diferenças culturais e religiosas, tão fortemente marcadas nesse novo século, não aceitam mais as imposições de consumo determinadas pelas grandes potências, já que estas não respeitam tais diferenças, nem tampouco a preservação de seus costumes e leis sociais.

Além do mais, o modelo econômico baseado supostamente na livre concorrência em mercado globalizado, via-de-regra com os países mais poderosos da Terra utilizando conhecimento e tecnologia de ponta ou mesmo subsidiando suas produções primárias, cada vez mais determinará a concentração de riquezas nas mãos desses poderosos, em detrimento do restante da população mundial.

Nesse momento histórico, as grandes potências lideradas pelos Estados Unidos da América estão a infringir um dos mandamentos básicos ensinados pelo estrategista Sun Tzu: não conhecer o inimigo, nem a si mesmo.

Inicialmente, não conhecer a si mesmo advém da arrogância que assola aos poderosos, com tomada de conhecimento no momento do declínio de seu império, fatalmente quando já é tarde.

Já os inimigos, não se tratam de pessoas ou países, nem de culturas políticas ou religiosas, mas sim de necessidades básicas para a sobrevivência da espécie humana, tais como: alimentação; moradia; respeito às culturas e religiões alheias; direito à vida com dignidade; preservação ambiental do planeta etc.

Verifica-se, com singular clareza, que a concentração de renda nas mãos dos países ricos, com modelo econômico baseado no capital e na exploração predatória dos recursos naturais, produziu apenas uma "raiva incontida" em determinadas pessoas que desenvolveram um modelo de luta baseado no terrorismo internacional.

Combatê-lo com exibição de força através de ataque bélico demonstra desconhecimento das ações do inimigo, já que não ataca a causa do problema, mas tenta-se eliminar apenas suas conseqüências, o que demonstra mais uma vez o traço típico da arrogância dos dominantes.

Capturar ou matar este ou aquele líder do terrorismo internacional, apenas livrará por algum tempo os países ricos de ações contra seus povos ou instituições, já que a substituição do líder é automática em grupos dessa natureza, dada sua organização estar alicerçada no objetivo, não na burocracia existencial.

É necessário que a política internacional oriunda de países ricos contemple uma solução emergencial com a criação de um Estado Palestino, suavizando o conflito existente entre Israel e o povo palestino, bem como desenvolva um modelo econômico baseado na melhor distribuição da riqueza mundial dando oportunidade para que povos de países pobres possam preservar suas culturas e seus costumes sociais e religiosos, com possibilidade de desenvolvimento independentemente de estarem em lugares estratégicos ou terem riquezas minerais ou energéticas.

Caso contrário, a humanidade oprimida e explorada que agora sente o gosto do ataque às bases do grande poder econômico e político mundial através de ações organizadas por grupos terroristas, poderá atingir e macular toda a sociedade formada pelos mesmos Estados que as exploram.

A luta contra aludidas armas não depende unicamente de poderio bélico ou de ataque a grupos terroristas, pelas razões expostas e pelo fato de que sociedades viciadas em consumo de bens descartáveis fatalmente consumirão drogas alucinógenas e que produzam sensação de euforia para manutenção de seu estado psíquico e equilíbrio social.

Cumpre salientar, por sua relevância, que o cultivo de plantas que abastecem o mercado ilegal de drogas ainda é o principal meio de subsistência de vários desses países explorados pelo modelo econômico aplicado pelas grandes potências.

Por outro lado, em face da ausência de discussões sobre as mudanças necessárias para que novos modelos econômicos e de respeito humano possam acontecer entre as nações, temos que as conquistas de direitos por parte dos países explorados acontecerão unicamente através de conflitos armados, já que a história do homem apenas isso registra.

O grande desafio da humanidade para esse novo século será a utilização unicamente dos meios necessários para a defesa dos territórios e seus povos, pois se ultrapassar o bom senso nas demonstrações de forças e utilização de poderio bélico, fatalmente as condições de vida no planeta não continuarão a contemplar o homem moderno.

Douglas Mondo

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