HAVERÁ PAZ?

A resposta é difícil, sobretudo se considerarmos o momento histórico em que se propõe a indagação, motivada, aliás, justamente pela iminência de seu contrário imediato, a ameaça de uma Terceira Guerra.  No clima em que o Planeta se encontra, o impulso para uma conclusão desfavorável é inevitável.  Afinal, como ter esperança de que haja paz, quando nos deparamos com o olhar miúdo de Bush Jr.?  Pequenez de olhar, reveladora da limitada visão daquele que pela fraude se fez presidente da nação que se pretende a mais importante, democrática, livre, rica e poderosa do mundo.  No mais, em toda parte, a insensatez, a intolerância, o espírito anticristão de vingança predominam.

Recorrer ao passado, no desejo de encontrar um tempo histórico exemplar tampouco trará maior alento.  Lembro-me de Renato Azevedo, meu professor de Hitória Universal nos tempos de colégio, a referir-se a uma frase dita por alguém:  "Estudar a História consiste na verdade em estudar a História das guerras".  De fato, muito pouco modelar.

Talvez no fundo incorramos num erro quando, ao pensar no caso, tomamos como ponto de partida a idéia de que o homem deseja a paz.   Por certo é desconfortável ter que admitir, mas se encararmos os fatos na sua evidência empírica, seremos obrigados a concordar que a Humanidade, desde o seu surgimento, tem optado pela rivalidade, pela competição, pela violência. Os grupos humanos somente têm escolhido a cooperação fraterna em casos de extrema necessidade ou quando são forçados a isso por um poder superior.  Fora tais circunstâncias, a paz só tem sido opção como um indispensável interregno, um "intervalo comercial" para recuperação das forças.

Amiúde recordo em meus textos a lição aprendida na leitura de Michel Foucault, de que não existe poder onde não houver consenso.  Esse consenso não carece necessariamente de ser explícito para se firmar.  O povo norte-americano viu um homem nitidamente despreparado como Bush Jr. assumir a Presidência pelas artimanhas da fraude.  Viu e consentiu.  Como Pilatos, lavou as mãos, aceitou o trote.

Ora, qualquer indivíduo medianamente informado sabe o que significa a presença do Partido Republicano na Casa Branca.  É confusão na certa.  Na nação "mais democrática do mundo" existem apenas dois partidos: um de direita e outro mais de direita ainda.  Com todo carinho que se tenha por alguns artistas e pensadores norte-americanos mais conscientes, é impossível não considerar um descaso, uma descortesia até, para com o resto do mundo, ver aquele povo acatar e posteriormente referendar a ascensão de Bush Jr.

O que aconteceu de verdade no sombrio e lastimável 11 de setembro, ninguém sabe e, é bem provável, dificilmente se saberá.  A velocidade espantosa com que se nomeou um bode expiatório, por coincidência em sintonia com os interesses econômicos e estratégicos norte-americanos, autoriza toda sorte de especulações.

Haverá uma Terceira Guerra?  Se depender dos Estados Unidos de agora, não há dúvida de que ocorrerá.   Quanto às outras nações cujos líderes apóiam o Tio Sam, vivem um momento de avanço e recuo, pois a despeito de toda onda pró-americana da mídia global, a verdade é que os povos, sobretudo o europeu, já levaram muitas bombas na cabeça, e todos sabem que estamos, desde a segunda metade do Século passado, diante de uma situação da maior gravidade, pois se a Terra for envovida em um conflito atômico de grandes proporções, dificilmente o já tão fragilizado ecossistema resistirá.  Portanto, tudo indica a inexistência de um consenso favorável à Guerra nas populações dos países aliados, muito pelo contrário.

Assim, de momento, o que parece imprescindível é que aqueles que já se acham cônscios da necessidade imperiosa de uma convivência pacífica entre os povos procurem um modo a seu alcance de trabalhar nesse sentido.  Somente pela expressão de uma grande *força de vontade* mundial em favor da paz se poderá ter a esperança de que as lideranças desistam da Guerra.  De preferência, definitivamente.

Ricardo Alfaya

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