Talvez não
seja uma boa hora ou uma boa forma de se desejar um bom dia!
Desde a explosão
do ônibus espacial norte-americano, uma pergunta vem martelando em
minha cabeça.
O que
ganhou a espécie humana, quando cento e sessenta quilômetros,
da face da terra, foram cobertos pelos restos dos corpos dos sete astronautas?
Que lucro social
a humanidade obteve, quando junto com os destroços da nave, nossos
corações foram despedaçados na frente das televisões?
Não seria
mais útil ao progresso se os milhões consumidos nos "programas
espaciais" fossem utilizados no investimento aos próprios homens
aqui, com os pés no chão?
Durante minha
vida optei por não discutir política, por deixar que a sociedade
por si decidisse o que de melhor queria para os seu e para o meu destino.
Guardei para
mim minha opinião.
Hoje, com a
queda da nave e dos sonhos, não quero mais me calar.
Estamos a milímetros
de uma guerra irracional e nos omitimos. Nos omitimos mesmo sabendo que
ela será pela razão, ou pela falta dela, de um único
homem que se vê como dono do mundo, como o dono da razão do
mundo.
Por outro lado,
aqui em nossa terrinha temos o exemplo do mais absurdo dos enfoques dado
ao programa governamental.
No exato momento
em que o povo se enche de esperança com o novo governo, a decisão
mais comentada e mais aplaudida vem em forma de esmola. Contrariando toda
e qualquer razão o nosso social governo "dá o peixe, mas
não ensina a pescar".
Por que não
escolas, educação, futuro, com merendas regulares (café,
almoço, e janta) para as crianças?
Por que não
educação e adaptação profissional aos recursos
naturais para os adultos?
A resposta está
no abandono da participação lucrativa dos grandes conglomerados,
que viram nos "cartões da miséria" uma nova forma de lucro
extorsivo.
Não mudou,
nem vejo como mudar nada em nossa terra.
Os nomes dos
poderosos se repetem e entre eles, ainda fatiam o bolo nacional. Cada um
com seu naco para satisfazer sua insaciável fome de ser e de ter
o poder maior.
Sou hoje, apesar
de trabalhador, de haver pautado minha vida na tentativa de fiel cumprimento
dos meus deveres, um homem devedor.
Me levou a incapacidade
provocada pela deterioração do poder aquisitivo de meu trabalho,
o dito salário, a construir um rombo que me leva a dilapidação
do pequeno patrimônio construído ao longo dos meus 26 orgulhosos
anos de trabalho.
Mais do que
isso, me dilacera o coração e me diminui a coragem, saber
que o poder, na sua ânsia de tomar, preme por rapidez no momento
de cobrar.
Este mesmo poder, no momento de cumprir com as medidas que uma de suas faces, a da justiça, me garante o ganho de uma causa justa, já não tem tanta pressa e por anos posterga, maquia, ignora o que é meu de direito.
Sei, não sou o único. Pela brasilidade afora, a injusta justiça se faz presente indistintamente. Até na hora de empurrar indefinidamente, talvez para a morte, o direito de exercer a cidadania e crer nela, na justiça.
Esta é a sociedade que criamos e que por ela, peço perdão a meus filhos e netos.
Queima corpos no espaço, queima esperança em terra, queima a possibilidade de socializar, queima a ilusão de uma gente que um dia sonhou, gritou e lutou por achar que o poder não era efêmero.
Marcos Woyames de Albuquerque