Despertar
Há tantos reinos no mundo que envolvem o teu ser profundo.
A coragem é mais
que viagem a todos os portos que fores capaz de ancorar. Precisas
transpor outras fronteiras e distâncias.
Aprende a ser leve como o vento e olha fundo, porque
o medo é só um instante num coração
errante.
Goza dessa virtude de se sentir inteiro nesse novo mundo tão velho
de teorias.
Destrói conveniências, sapiências
ultrapassadas em confortos cristalizados, nos medos que
não ousas adentrar.
Abre os braços em cotidianos
abraços. Se os dedos se cansaram, é de toques que eles
precisam.
Grande é o amor que tudo abarca.
São tantas as fendas, as portas, as divindades e a saudade.
Nas escolhas que se fazem e nos encontros que a geometria propõe.
O sol levanta e dorme, como tu, todos os astros e movimentos.
Tudo é preparação, malas para a viagem que não
tem fim.
Não percebes a beleza que ronda o teu desacordo com o mundo?
Levas traços revoltos, mas vida são ondas que se quebram
no eterno vai e vem.
Remove o pranto que o manto de teus dias escondeu.
Remove a poeira, ladeira, que se acumula, entranha.
Está em teus poros, suados de defesas
armadas.
Sacia a fome com os alimentos da terra, da mente e do espírito.
Entrega-te às surpresas,
à vastidão, à amplidão. À natureza,
dos bens o mais precioso.
Aprende a compartilhar: amor, vida, olhar.
Espalha os talentos aos ventos e seres capazes de os polinizar.
Une-te em fraternos ideais e condutas. Sem vaidades ou orgulho.
Não é de certezas a vida, mas de descobertas.
Respeita as diferenças, ciências da
mesma verdade que tudo conduz. Sente com o coração,
estamos todos envoltos na mesma oração.
Encontra teu tesouro interno e oferece-o ao mundo que necessita.
Cultiva
a coragem de acabar com as máscaras, pois apenas inteiro podes ir
além.
Ama , surpreende, exerce a escolha. É livre o arbítrio.
Mas assume o dever, com consciência da tua parte no todo.
Com a convicção de dentro, ousa as travessias.
Não te escondas em medos e culpas. A aparente
fragilidade é a grande força que tudo move.
Nos lúcidos lampejos, que chamas de coincidências, residem
as revelações.
Compreende teu papel na vasta trama.
Estampa em teu peito este sol que dentro brilha.
É de fogo essa hora.
Qual fênix, renasce de tuas próprias cinzas.
Toda realidade começa num sonho.
Acorda então para dentro.
Agora anda com o tempo que nunca andou tão depressa.
Tudo é jornada.
E escolha.
Isabel Mueller
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