Tudo está em paz. É madrugada em seus olhos, enquanto seus lábios esperam amanhecer. Há sombra de felicidade rosa, há também uma rosa feliz. Tudo está em festa, a festa está em você. Você é festa pacífica. Amanheceu em seus lábios e meus olhos já vivem o sol. Eu quero ser festa em você, quero florir rosáceo e feliz. Quero que você faça maquiagem em mim, em minha vontade de viver e me dê paz com vida.
Preciso viver em seu jardim, mesmo sendo grão de terra, mas de terra fértil. Quero em você..., simplesmente. Tudo em você, sem porque. Quero perder minha forma, jogar todos os meus aniversários fora, nascer novamente você. Sem rosto-corpo-sexo. Preciso amar e o amor nada vê. Amor que é a felicidade parada numa calmaria intempestiva e intempestuosa. Prefiro tempestade à calmaria. Preciso de vento e chuva no coração para desgarrar-me do cais da incredulidade.
Quero. Preciso tirar o selo da sabotagem íntima. Urge que eu escreva poesia de alguém em mim, enquanto escapo ileso de viagens por onde os mares são negros ou mortos. Agora você é a compositora do mar, vou escolher a cor e a forma para você pintar e moldar. Você que é paz e mistério, amante de Netuno, filha de Iemanjá, que tem a forma que quero, na beleza que faço, nas cores que matizo, na forma que delineio, no amor que poesio. Só não posso é escolher você, porque você é escolhida pela força d!eu não ter escolhido...
Você reside numa casa com jardim..., em alto mar. No saveiro Ardor sou mestre em galantear. Demoro a chegar, vou devagar. É tanta a vontade de chegar...
Eu quero, eu anseio, viver sempre
assim, em direção a você, que é maliciosamente
pura, em mim, que sou pura malícia.
É tanta a vontade de chegar...Há acenos em seus cabelos,
animal estranho que é. Luz em seu tórax, em seu córtex,
caminhos em seus descaminhos. Preciso de você infantilmente. Em seu
corpo benemérita festa. Preciso de você religiosamente, para
soerguer batinas e respeitá-las.
Você segredo amor clamoroso. Preciso de você. Enquanto seus lábios esperam a noite, eu nado em seu entardecer e vingo o anoitecer chegante. Sua tempestade é paz. Tudo está em paz. Há uma festa pacífica alucinante. Há luz de felicidade rosa. Há uma rosa feliz.
Há um mistério especial
no ar. Brando aroma perfumado, suave poesia azul oculta. Respiro pacífica
juventude, sinto o coração engrandecer, miro sem ver, olhos
de sonhar. Dentro em mim o amor secular colorindo e aquecendo meu céu,
nuvens inquietas balançam minha visão que tridimencionalmente,
elegem você, princesa de um reinado invisível...
Há um belo mistério no ar, como o de uma mulher amando e sendo amada por um poeta. Eu transpiro flores; margaridas, almas-gemas-belas. Há um céu de indefinida cor, uma aragem leve e morna, vontade de gritar alegria e calar em infinitos beijos. Uma árvore crescendo, crescendo, ignorando possíveis tormentas de pétalas...
Há um hálito de sol primaveril a excitar minhas entranhas, inebriados de desejos e poesia. Há uma respiração ágil inquirindo sobre mais belezas, indescritíveis belezas, para mais apreciar nossa viva mansidão.
Há muito brilho nas matérias que vejo e mais brilho ainda, no que assisto em paisagens imateriais, só porque você me existe, mas há mais, mais e muito mais brilho, brilho cegante, reflexo de diamante, nos motivos que interiormente me iluminam, porque você existe. Há o oxigênio virgem, no sopro da madrugada, enriquecendo meu respirar.
Sinta. Olhe para mim. Eu transpiro flores; Rosas, Margaridas. Apanhe-as e permita que adormeçam viçosas e belas em seu regaço meu. Apanhe-as, são suas. Apanhe-as, são, uma a uma, meus frágeis brindes, de amor e de emoção.
Jocimar