Há muitos anos me persegue um poema, tratando satiricamente
do Bem e do Mal. Ele já existia por época do lançamento
de meu livro de estréia, "Através da Vidraça", de
1982, porém, em forma discursiva inacabada. Posteriormente, tentei
realizá-lo como poesia concreta, mas o resultado não me agradou
completamente e não teimei muito em divulgá-lo. Pensei que
já estivesse livre dele, quando o danado pulou em cima de mim na
semana passada, puxou-me os cabelos, ficou zumbindo em meus ouvidos e fazendo-me
caretas quando eu me olhava no espelho. Percebi que não haveria
como sossegá-lo, a não ser mumificando-o de vez no papel.
Não foi fácil, o insistente exigiu-me inúmeras revisões,
até que por fim ficasse quieto. Acho que agora estou livre
dele. Também ele, livre de mim, deverá seguir o seu caminho.
E, em breve, os amigos poderão conferir o resultado desse terrível
embate. (*)
Ricardo Alfaya
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(*) Mensagem circulada na lista "Mixagem
Literária", em agosto/2000
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