Versos Perversos I

Corto os pulsos. Pulso parte, pulso arte, pulso por inteiro, pulso anti, pulso antes, pulso agora, pulso falso, pulso estrangeiro. Gotas rubras bailam no ar, rodopiam. Pequenas bailarinas , pequenas meninas de faces rosadas explodem, formam um cravo sangüíneo, desmancham-se em um caos escarlate de átomos de ferro. Um quase quasar pulsando cósmico, pulsando humano, cigano, pulsando engano, humano demasiado humano, último ato, nova era, novo homem, nova fera, novo plano. Conto as contas, conto os passos, abro os braços, abraço o mesmo engano, profano, cigano, mortal e simiesco, primata, primário, primeiro. Corto os pulsos, pulso arte, embate, combate, deus-morte, deus Marte, um urubu pousou em mimnha sorte, tome doutor esta tesoura e corte, cortei as asas, me banhei nas brasas, durmo com as harpias, consagro a noite, ilumino o dia, alimento a escoria, vermes da História, com o corpo do messias.

Stéphen Dédalus


 

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