A beleza do gesto... Desde sempre queria aquela fugacidade orgástica. Abriu o compartimento e deixou-a sair. Metros de pescoço emergindo, o misto de graça e deselegância, as pernas mais do que longas. A girafa saiu do compartimento e pisou na Lua.
— Um pequeno passo para uma girafa — murmurou para si, enquanto ela galopava em fluxos, estranhando a gravidade.
Por fim liberta na amplitude branco-cinzenta (um palco sideral). No horizonte curvo, os olhos doces almejaram uma África intangível.
Quando o ar acabou, veio abaixo. E mesmo a extensão de seu corpo desarrumado (definitivamente lunar) era exatamente o que queria. O corpo de pontas na Lua, as patas díspares. A cabeça asfixiada contra o espelho do capacete.
A beleza do gesto.