A capivara (e a pergunta)

É certo que mora na lagoa uma capivara e por isso sou mais feliz. Traz ela, de imediato, arrebatamento. Abro, assim, os braços para o inusitado, para o selvagem, para a força da natureza que invade e que nos mostra a beleza do impensável, daquilo que não controlamos. Atropela, destrói as armadilhas e os vícios do raciocínio. Nunca a vi e tal não tem importância. Não vejo, não toco, mas sinto (-me), vivo. Nada vigorosa e alegre nas águas do meu imaginário, despolui, ali se alimenta. Minha, quero-a bem, cada vez melhor e que procrie. Emociona e por isso nutre. Transgride como quem samba em Meca, como orquídea do asfalto, como a razão dos loucos, como verdadeiramente amar.  Com belo sorriso você pergunta se estou apaixonado e eu penso na capivara.

Ricardo Hugo Oliveira

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