Meu cavaleiro, adaga em cinturão, caminha por entre as espessas florestas do tempo que se foi e que não sei onde, embora o saiba tão longe de mim.
Firmemente segue certo do destino que traça vindo em meu encontro, que estou léguas e léguas distante em tempo e na mesma estrada.Vem meu cavaleiro, nada errante, manta preta, capuz que lhe esconde a face e olhos que brilham dourados. A adaga prata, que traz o desenho de um dragão de rubis, adormecido aos pés desta mulher em relevo , grita. Isto é o que o mantém andando e sou eu a mulher do dragão. É minha figura esquálida que craveja a adaga e é por mim que ele vem, sem ao menos saber porque vem.
Vem meu cavaleiro por entre estas florestas escuras e vou eu guiada por ele.
Minha adaga pesada carrega esmeraldas. Não há figura desenhada, não há dragão nesta lâmina. Nossas adagas se chamam. estas adagas se amam. E
seguimos ambos assim; ele por florestas escuras e retas, eu pela mesma mata densa e fechada. Eu indo de encontro a ele. Ele me tentando encontrar. Ele porque precisa perguntar, eu porque tenho que explicar. Volta e meia, pelo meu caminho, este mago me ordena " Corre! Apressa o passo que o tempo acaba!" Este mago que aparece em minha estrada, este ser de aura branca como é branca a luz que cega. Sabe este mago que tenho tentado. Minhas unhas estão gastas por agarrar pedras de precipícios em que caio . Meus olhos se quebram cansados do breu onde única luz vem dos rubis que vejo brilhar ao infinito. Que tristeza nos sabermos vivos, que esta certeza nos faz sertirmos mortos. Eu sou a mulher que o fará bravo. Ele, a bravura que me salvará. Sou eu quem lhe dará a força que preciso para continuar. Que ironia nós dois... eu a esmeralda que dá a vida, ele o rubi que a faz pulsar. Eu precisando do dragão para me fazer viver, ele precisando de mim para fazer vivo o dragão. Diga-me como, mago!!!! Diga-me como!!!!!!! Se estou viva e não pulso e se ele pulsa e não vive, como nos encontrarmos na estrada?
Rápido, mago, que o tempo acaba!
Patrícia Evans