"Há uma hora em que os bares se fecham, e todas as virtudes se negam". Quem nunca passou a noite entregue à profunda solidão acompanhada, nos bares da solidão das cidades, não sabe o que é boêmia. Nem pode dizer que um dia se entregou à busca aflita da ilusória alegria. Falsa euforia de máscara, que se quer tirar da cara tão logo amanheça o dia.
A noite é oficina de trabalho dos vampiros que se buscam, sedentos de emoções baratas, e de dinheiro fácil. Em busca do encontro humano tentam sugar, em aventuras banais, pagas no ato do consumo, a emoção essencial, da ternura que não virá.
Brasigóis Felício
Do livro: "O Cristo que não deu certo (auto-retrato irônico", Ed. do autor, 2005.