O corte da dor

Mal cheguei, ofereceu-me uma tigela de laranja e um assento na sala: eu tinha de olhar a parede e ver "o corte da cor".

Após um pouco de tempo, que foi também a minha quietude na laranja, falou-me:
"Cada traço é a memória de um desejo: o motivo de cada qual, sua direção...
Queres saber como fiz?"

Nessa hora percebi a adesão do futuro naqueles traços.

Olhei-a:
"Dora, o álbum é a merenda dos olhos."

Filipe Bernardo de Oliveira

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