Drósera

aquele nome não lhe fora dado em vão   Desde o nascimento mostrara-se visceralmente uma devoradora de carnes e gentes     Primeiro a mãe     Engoliu bem devagar    Depois o pai e todas as freiras do orfanato    O impulso era incontido     Miirava a vítima através de suas grossas lentes de RX     Advinhava-lhe os anseios   Acarinhava-a planejando o bote em cada gesto    Vestia-se de tristeza e abandono    Usava seu olhar mais nu seu sorriso mais cândido    Sua voz mais adocicada    Chamava-a (à vítima) de minha amiga    Ninguém lhe escapava ao encanto    Misto de bruxa e apresentadora de tv    Insuspeita assassina
tantas vítimas fez a Dr[osera insaciável no seu delírio consumidor de gentes que acabou na boca de um grande touro devorada feito erva daninha em plena av São João

Dalila Teles Veras

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