Por (vir)
O que me falta agora é talvez o que me faltou sempre. Careço amor. Careço, mais ainda, ser amada de maneira infinita. Forma pouco provável, impossível.
Não paradoxalmente, necessito respirar, dar uma trégua, agora, para a dor tomar seu rumo, sair de tropeços consecutivos, levantar-me do chão. Esquecer a queda.
Deixar a vida, lendamente, tecer os mistérios de seus fios. É tempo de ser inteira. Ou é hora de não ser inteira. Inteiramente. Tudo me dói. Passado. Presente. Por(vir).
Também tenho medo.
Medos.
Lúcia Serra
Do livro "Desvairio das Estações", Blocos, 1999, RJ