Umas palavras

O poema fugaz escapa-me, em fracionárias palavras que não se agregam, fonemas livres rebelam-se fluidos ocultam-se em gotas d'água pingadas entre os dedos oleosos, não se fundem, seguem estreitas calha distintas no finito das secas palavras não ditas. Reclusos eremitas do âmago introspectivos negam-se em convívio. Suplico-lhes palavras, negam-se em resolutos nãos, não se dão, não me dão. O silêncio em borbulhas angustiantes de inquietude abrem-se as chagas que no peito lívido despontam na casa das dores, dos amores, dos medos, de todas as forças em coragem se forjam, em sons que captam o sublime etéreo singular coletivo de não ter palavras para expressar-me perante te.

Gleise Costa

« Voltar