Roupa dos planetas
Mora no meu peito o peso de uma estação, que dissipo todas as manhãs. Me visto com a roupa dos planetas e comungo com o movimento do mar, que com as suas canções de ninar enaltece o sono dos que não o abandonaram. Escutar o movimento do mar foi minha grande aventura. Trazer seu aroma salino em minha pele e guardar seu mapa ruidoso é a tarefa a que me dedico pela vida afora. Ainda sigo os passos de sua rebentação, nesta resina da tarde. Quando menino, meu pai me levava para pescar. E eu pescava ventos e o silêncio da noite do mar. Depois voltava para casa. Encharcado das canções da noite.
Francisco Orban