CERTEIRO

tão certo quanto certeiro
retesado é o arco e seu arqueiro

as flechas movimentam-se ao longo de pedras ruídas de um novo deserto – cores para o palácio divino/dádiva de domésticos gatunos no quase nu perfilado altar ao lado e voam pequenas aves (aqui o ar é mais rarefeito nas rotações articuladas com desdém

a mesa servida
os cálices úmidos

 nas brancas paredes um nicho de ventura e esquecimento anuncia a subida crescente, lume e contrabaixo, em cada dia de batida surda sonora reinventada na clave marítima sem forma nas bordas multifacetadas de ouro e prata

– palavras como botões de uma nova escultura –

enquanto o vento verifica suas iscas...

Jandira Zanchi

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