URGÊNCIA

Tenho urgência em viver que sei da curteza da vida. Não me calo para os impulsos primeiros. Arrisco e corro, deixo os medos no acostamento. Calibro emoções e mapeio a trilha mais perigosa. Não quero amores fáceis nem simpatias de balcão. Puxo brigas e me dou inteiro às porradas. Não me curvo. A quem me desafia falta instinto de preservação.  Atravessei o limite da corda bamba e caí em todas as tentações. Sobrevivi e animais feridos são de se temer. A coragem se avoluma. Perdi asas e ganhei garras. Lanço meu corpo sobre outros corpos – carícias e ataques. Prazer sem fronteiras. Ética do devaneio. Vigília da carne.

Gilberto Gouma

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