Bronze
A moça se move qual flor no vento e ele a fixa em seus olhos; nota seu suave meneio de cabelos, sorriso de um raro brilho, ela passeia sua beleza impunemente livre como um peixe no mar bravio e balança os ombros enquanto caminha. Ele a vê assim, solta como um sonho e a deseja junto a si. Um fino presente a separa de um quebradiço futuro, a beleza qual um muro que a destaca das coisas que modulam a superfície das feias coisas do aqui e agora. Ela tem o poder da rósea presença , tem uma luz que lhe faz a silhueta mais bela ainda.
Olhem o sol por trás dela, olhem! Lá, bem ali, encompridando sua sombra que, em si, mesmo sendo feita de escura matéria, rebrilha.
Ele só pode olhar. Olhar, olhar, esse sentido desperto que faz de nós espectadores de um Universo de coisas e belezas, beldades e feras. Eu queria ter este olhar mas ele, ele a olha assim em cada detalhe, as mãos coloridas, o cabelo cheio de mechas de um loiro pálido e um canto de boca absolutamente adorável. Uma pequena mancha em seu calcanhar. Um pezinho lindo. Ah, passa por ele absolutamente apaixonado, pois que a olha e a vê encantada.
A rosa já está em suas mãos.
E ele só pode olhar.
— Estátua esquisita, gente. Parece que olha a gente.
Flavio Gimenez