VARIAÇÕES SOBRE O AZUL I
o dia terminara e a sensação era a de um invisível repositário sobre os ombros Resíduos azuis de bagatelas permaneciam coladas à tarde
A rigor a vida ficara apenas em intenções
VARIAÇÕES SOBRE O AZUL I I
daqueles dias delirantes engolidos ávida e desesperadamente pelas horas quando grafitaram de spray azul seus nomes nas paredes (tentativa de congelar imagens) sobrou apenas a marca do florete na medula enterrado em toque a fundo
puro descuido da guarda
VARIAÇÕES SOBRE O AZUL III
os jornais noticiam a descoberta de um corpo boiando nas águas fétidas do Tietê
(não Não o quisessem justo nem magnânimo A cólera servia de escudo capaz de abafar qualquer bem intencionado argumento Além do mais por diversas vezes constatara que o amor também ele é mula cega escpoceamdp a esmo Havoa ciçtovadp a termira regando-a sistematicamente com afagos e um lirismo descabido e fora daquele absurdo tempo A ferradura encravada na garganta obscurecera o pensar)
vingada a ternura vestiu-se outra vez de azul
Dalila Teles Veras
Do livro: Palavraparte, Akpharrabio Edições, 1996, Santo André/SP