A prepotência dos jornalistas
Um dos maiores indicadores da propotência de nós jornalistas políticos está num escrito de Mozart Monteiro, que foi um grande jornalista político, no Rio, e que, desencantado com a situação do País, ameaçou: "Se o Brasil continuar desse jeito, deixaremos de comentá-lo". É a ilusão de influir, de decidir, atraves da pena, da máquina, do micro, com artigos e comentários sobre o destino ancional. Como se deixando de escrever, o mundo parasse. Ou deixasse de existir. A importância que nos damos e que, às vezes, não tem amparo na realidade, geralmente é muito grande. E convenhamos, mais intensa ainda no profissional mais jovem, menos curtido pelo tempo, menos sofrido de decepções.
Escritor? Pois sim
Quando falam em velho, ainda tenho vontade de perguntar: "É comigo?" Da mesma maneira quando me chamam escritor, acode-me o desejo de indagar: "Sou eu?" Não se trata de modéstia, pecado de que ninguém jamais me acusou. Simples realidade. Escritor é Tércia Montenegro, o Chico Carvalho, era a Natércia Campos. Sou jornalista. Jornalista que escreveu artigos e crônicas que, posteriormente, reuniu em livros. Um talento fascicular que, todo o santo dia, oferece ao público, ainda quentes, os biscoitos de sua fabricação.
Não mais que isto.
Lustosa da Costa
Do livro: Ao cair da tarde, ABC Editora. Rio/SP/Fortaleza, 2006, enviado pelo autor