Dia da Liberdade da África do Sul

Manuel de Sousa tem versos amplos onde seu dizer, seus dizeres, são quais as aves altaneiras, de larga expressão.
É um homem de Angola, que anda pela vida atento às acontecências: as próprias, às do Outro, às do Mundo, mas principalmente às da Mamma África.
Ao ler estes versos, podemos ver a Liberdade, longilínea, longas pernas e marcas na pele, bela e forte, a correr pelos espaços, chamando a atenção dos homens para sua necessidade absoluta.
A Liberdade, sob a forma de mulher, feminina e fêmea, é capaz de agachar-se para colher flores, de parar à sombra de uma árvore para ninar alguma criança, de rasgar as vestes e fazer bandagens para colocar curativos nos homens cansados e feridos das guerras, de menstruar para adubar a Terra, como fizeram as mulheres de antigamente, nos Cultos de Eleusis, as camponesas em tempos de seca, as nativas campesinas para aumentar sua produção agrícola... Sim, essa liberdade feminina é capaz de carregar bandeiras e enxadas, bebês e sementes... De entregar-se a seus fiéis apaixonados...De parir muitas e necessárias liberdades, iguais à Matriz, por todos os cantos da Terra, de todos os tamanhos adequados, mas, sobretudo, dar à luz o Direito pela Liberdade de ser, tão inerente a cada criatura.

Poemeto (*)

       Clevane Pessoa de Araújo Lopes
       27/04/2006 21h43

A liberdade é uma sentinela etérea
que vigia a paz
e o direito de ser,
em todos os recantos e Nações,
principalmente,dentro do coração
de todas as pessoas
da terra



Poema de Manuel de Sousa sobre a Liberdade:

Dia Da Liberdade De Hoje (**)

Hoje senti a liberdade solta
Respirando aliviada
Correndo livre nos olhares fugazes
Nas luzes da rua
Nos passos com pressa dos andantes
Dentro dos peitos esperançosos passantes

Hoje vi a liberdade voando para trás e para diante
Livre de si mesma ou de sombras
Esvoaçando meio à toa como uma borboleta
Num estranho bailado de traços irregulares
Batendo asas estonteantes para cima e para baixo
Em vôo livre sem destino definido...

Hoje agarrei a liberdade que se me queria escapar
Prendia-a nas mãos por entre dedos
Quase largando-o para o ar em movimento
Para aquilo que seria o vazio
Deixando-me provavelmente a sós com a nostalgia
Dentro de meu próprio cárcere mental...

Hoje sai eu mesmo atrás da liberdade
Dei-me livre à rua e fui-me atrás dela
Procurando nos zumbidos das vozes
Buscando nos eventuais ruídos estranhos
Gritando para que ela se mostrasse...

Hoje reencontrei-me com a liberdade de observar
Aprendi a não falar só por falar
Escutei os que me queriam dizer algo
Esperei ser libertado pelo respeito mútuo
Pacientemente aguardei pelo gestos perdidos
Abri os braços e abracei todos os que nunca me abraçaram...

Mesmo sabendo que o fazia no termo de um passível sonho possível...

“Quem dera que todos os hojes, fossem dias da liberdade...”


______________

(*) Especialmente para Manuel de Sousa, para o povo africano, para todos que lutaram e lutam em busca dessa condição humana tão imprescindível: a Liberdade, essa dama de todas as cores e tamanhos e traços, exercendo seu mimetismo fascinante em cada povo por onde passa.

(**) Escrito para comemorar o lançamento hoje na União dos Escritores Angolanos, aqui em Luanda, do Conto “Um Ukulu, Ki Juesilé Ku Mayombola”, do Respeitável Escritor Luís Rosa Lopes... desejando-lhe a ele, que “Luz” o inspire para mais ainda e que nos dê mais palavras de magia para escutar e ler... Este também é partilhado na Homenagem, com aquela que fazemos ao “Dia da Liberdade da África do Sul”, ao Povo Sul Africano e a todos os que tornaram este dia possível, sobretudo, dos Angolanos e Sul Africanos que lutaram lado a lado por tal ideal e sonho tornado real, hoje comemorado com uma festa em Luanda, organizada pela Embaixada daquele País... (Escrito por Manuel de Sousa, em Luanda, Angola, a 27 de Abril de 2006).

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