Em época de eleições...
... Os preconceitos afloram!... E o respeito vai pelo ralo!
Não, não me interessa fazer militância política ou pesquisa de opinião. Não, não me interessa saber em quem você vota, ou dizer qual o meu candidato. O que vale, aqui, é falar de RESPEITO e PRECONCEITO.
Em época de eleições, “valha-me, Deus!”, que a coisa pega. Discutir de forma racional e sem paixões, é coisa que o brasileiro, de forma geral, não sabe ou não consegue fazer.
É como no futebol: quem torce pelo mesmo time é irmão, quem torce pelo time rival é inimigo e merece todo o desprezo e ódio!!!
Religião também é outro terreno perigoso. Basta que se verifique a história: quantas guerras em nome de Deus? Desde o início dos tempos! E cada um querendo impor suas crenças, de forma, por vezes, jocosa e destituída do mínimo respeito pelo “próximo”, pelo “irmão”.
Raça também dá confusão: ariana, bahiana, caucasiana, paulistana, indígena, de olhinho escuro, olho claro, pele branca, pele negra, enfim: cor, origem, constituição física, seja baixinho, alto, gordo ou magro! Que mania de segregação! Quanta falta de educação!
Porém, a coisa que me deixou mais chocada, nessas eleições (2006), foi certa imagem usada em adesivos e na Internet, em tom pejorativo, salientando um pequeno defeito físico de um dos candidatos: preconceito explícito. Devo concluir que um cego, por exemplo, não poderia ser presidente? E um paraplégico – não se preocupem, já existe rampa no Planalto, talvez até prevendo o futuro – ? Qual imagem os oponentes fariam para um candidato com uma dessas características? Será que ainda teremos que constituir um Partido dos Diferentes?
O que é que há com o nosso povo? Num momento onde se discute (inclusive nas novelas, tão populares) a inclusão social de pessoas ditas até um tempo atrás como “deficientes” – de forma geral e genérica – será que não conseguimos acordar para essa “falha cultural” de péssimo ou nenhum bom gosto? A mim, essa coisa de explorar características físicas diferenciadas é uma falha de caráter, de argumentos, de respeito, inclusive, com todas as pessoas portadoras de qualquer tipo de deficiência ou diferenciação física ou mental. Se alguém estiver fora do “padrão”, pronto: é motivo pra comentários ridículos. As pessoas que fazem isso devem ser as mesmas que quanto encontram uma criança diferente exclamam na cara dela e da mãe: “Coitada!”. Passam um ar de quem “chuta cachorro morto”, literalmente. De quem se afasta do “irmão” que tem uma ferida ou fome, e bate à sua porta em busca de socorro! A resposta vem de pronto: “Vai trabalhar, vagabundo!”. E justifica: “Acho que era assalto. Vai que chego perto e ele puxa a arma!”. Sabichão! Papai Sabe Nada! Babaca social! Racista moral! “Paga” para ser bondoso, generoso, solidário, pois não tem capacidade de “se dar”, de estender a mão, de pegar no colo, de dar um prato de comida ou oferecer emprego, de entender e amar as diferenças.
Voltando ao assunto, será que os políticos valem toda essa paixão? Afinal, a política é – ou deveria ser – laica, mas logo vira credo: “Credo em Cruz!”. Bem, quanto aos políticos, eu não sei, porém, o que vale para os diferentes, para os menos agraciados com tanta coisa fútil das quais desfrutamos e arrotamos arrogância e soberba, enfim, pra todos, talvez, seja exercitarmos, de forma ampla, o tal RESPEITO, e assim, quem sabe, o PRECONCEITO se encaminhe para o ralo.
Thaty Marcondes