Falece em Teresina o poeta H. Dobal, de 80 anos que estava há mais de 10 dias internado no hospital HTI, com pneumonia. Boletins médicos indicam que ele sofreu uma parada cardíaca. Hindemburgo Dobal Teixeira é de Teresina (17 de outubro de 1927). Membro da Academia Brasiliense de Letras. Obras: O Tempo Consequente (1966); O Dia Sem Presságios (Premio Jorge de Lima, 1970); A Viagem Imperfeita (1973); A Província Deserta (1974); A Serra das Confusões (1978); A Cidade Substituída (1978); El Matador (folhetim, 1980); Os Signos e as Siglas (1978); Cantigas de Folhas (1989).

LUTO

Rogel Samuel

Morreu H. Dobal. O poeta da terra do gado. Dos novilhos do agreste, das terras pobres e chapadas. O Piauí está de luto. Morreu H. Dobal. Com ele morrem as rimas das trilhas de areia, onde as seriemas procuravam cobras. Os dias de fogo se apagaram, viraram noites para os magros dias dos homens, dos vaqueiros. Da aridez com cacimbas. Com ele se vão as fazendas "onde outrora / havia banhos de leite". Ai lendas! Ai dias de tormentoso inverno! Ai latifúndios agora desertos! Porque a morte tudo ceifou. Porque a morte aparece


sem fazer ruído.

Senta-se num canto
fica indiferente
com seu ar de calma
absoluta.
Mira longamente
o quarto o retrato
a cama os remédios
postos entre os livros
sobre a mesa escura.

Depois se levanta
sem nenhuma pressa
sem impaciência
retorna ao seu mundo
a morte, de gestos
claros e serenos.

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