BANZAI, BRASILEIROS!
Tenho uma grande admiração pela cultura japonesa! E isso desde a infância, nos anos de 1960.
Talvez isso tenha muito a ver com a televisão e o cinema, afinal, meu primeiro herói foi o "National Kid" e alguns dos filmes que mais lembro daquela época são "Mottra", "O Dragão de Sete Cabeças", "Os Sete Samurais", "Yojimbo" e por aí vai. Meus desenhos favoritos eram: "Samurai
Kid", "Tarô Kid" e o imbatível "Speed Racer", com seu fantástico Match 5.
"Ultraman" e "Marino Boy" também ocupavam um lugar de honra nessa lista, que mais tarde foi aumentada com: "Super Dínamo" e "Guzula", um dinossauro que tinha pavor de injeção. Pudera: as seringas pareciam mísseis
terra-ar... Depois, veio "Tampopo - Os brutos também comem spaghetti", uma comédia com alguns achados de roteiro, como o encontro com os mendigos "gourmets", que recolhiam as sobras dos restaurantes mais sofisticados e sabiam combinar temperos, vinhos, etc.
Mas eu não ficava só por aí: gostava de assistir o programa "Imagens do Japão", apresentado por Rosa Miyake, cantora de voz perfeita, intérprete do melhor jingle da Varig dos anos de 1970: aquele do pescador que salvou a tartaruga... Os vídeos da NHK mostravam, sem contrastes, a convivência
entre o ultra-moderno e as tradições milenares, do trem-bala ao preparo de peixes defumados em cabanas de madeira. Quem sabe, um dia, eu ainda conheça o Japão...
Mais tarde, como bolsista universitário, na França, tive a oportunidade de conviver com estudantes japoneses. Em todos os encontros eles sempre se juntavam aos brasileiros para conversar e se divertir, extremamente simpáticos.
Talvez isso explique porque a colônia japonesa é tão grande no Brasil: a maior fora do Japão! Perfeitamente integrada e mais bonita a cada nova geração ou miscigenação, que o diga a Sabrina Sato, que até sotaque caipira tem! Integrada e integrante, pois também aprendemos a apreciar sua culinária, seu artesanato, sua arte: sushi, sashimi, origami, ikebana, haikai, tambores, Manabu Mabe, Tomie Ohtake...
Outros motivos de minha admiração por essa cultura são: a disciplina, a obstinação, a competência, a serenidade, o aperfeiçoamento constante, a confiabilidade e a honestidade, o espírito do "kaisen". Não é à toa que
nisseis, sanseis e assim por diante se destacam em todas as áreas profissionais, artísticas e esportivas.
Não importa a geração, a denominação ou a aparência, eles são brasileiros na acepção da palavra. Assumiram nossa nacionalidade e modo de vida de forma mais sincera do que alguns imigrantes, de culturas similares à nossa
e entre nós há muito mais tempo, que aqui prosperaram — o que não tiveram oportunidade em suas nações de origem —, aqui constituíram família, mas que desprezam o Brasil. Daqui só querem lucro! É com esses que a gente precisa abrir os olhos...
Por tudo isso: Viva os cem anos da Imigração japonesa no Brasil!
Banzai, brasileiros!
Adilson Luís Gonçalves