Que País é esse que chora quando a seleção de futebol é desclassificada, mas a perda do poeta Roberto Piva é chorada apenas pelos amantes da poesia?
Que País é esse em que todos param para assistir ao jogo da seleção e não para, nem por alguns minutos, para ler um livro e descobrir, por exemplo, o escritor Roberto Piva, que tanto inovou a literatura brasileira, trazendo-nos o quanto um livro pode ser companheiro e abrir novos horizontes?
Que País é esse em que a televisão mostra, por exemplo, quando um jogador de futebol adoece, o que está fazendo, o que tem, e tudo o mais. E pouco mostrou sobre o poeta Roberto Piva, sempre uma celebridade literária, uma raridade como poeta, por ter introduzido novas linguagens contribuindo, assim, com a cultura, nosso maior bem? E quem soube da doença e das necessidades passadas por Roberto Piva? Só os amantes da literatura.
Futebol, reconheço, é fator cultural na vida do brasileiro. E a literatura, a poesia, em qual escala se situa para o nosso povo?
Choro a morte de Roberto Piva. Choro a sua ausência (mesmo que inconsentida) na vida literária e choro, choro e choro a perda do grande poeta. Consolo-me com sua obra que está comigo. Sinto através de seus poemas que o terei sempre.
“.. Não serei domesticado, /
Pelos rebanhos / Da terra. / Morrerei inocente / Sem nunca ter /
Descoberto / O que há de bem e mal / De falso ou certo / No que vi.”
Lembrar Roberto Piva é lembrar a inovação. Revolucionou a poesia, realizando mudanças de porte e ofereceu soluções (mais) criativas à literatura. Ler sua obra é inesquecível: até porque mais raro. Emociono-me cada vez que lembro o quanto esse País o deixou de lado, esquecido. Ele será sempre lembrado com amor, respeito e admiração pelos amantes da literatura.
Agora, caro Poeta, você pertence a outro “País”. E que “País” é esse?
Tânia Du Bois