PAULO VANZOLINI
Fui dar meu adeus ao mestre Paulo Vanzolini. Havia pouca gente, mas gente do coração como Yara Marques, Cristina Buarque, João Parahyba, Eduardo Gudin, Assis Ângelo, Paulo Caruso, João Macacão, Edson Lima, Jotabê Medeiros e Theo Azevedo. Na hora do enterro reparei: Vanzolini era enterrado praticamente atrás da tumba de Mário de Andrade e poucos metros da de Monteiro Lobato. Aqui, para memória, ajudo a carregar o caixão de Vanzolini em foto de Leticia Mendes/G1.
Luis Avelima, atrás, à direita.
Antes que o corpo de Vanzolini chegasse dei uma volta pelo Cemitério da Consolação. Aí estou diante do tumulo do poeta Mário de Andrade.
"Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus."
Mário de Andrade
Luis Avelima