Hostória pra Manoel dormir
Foi o próprio Manoel quem nos ensinou o alfabeto dos pregos enquanto os outros declamavam os gregos.
Fico com o homem que deu dignidade e RG às lesmas, nos deu a receita do viés à terra. Chamou-nos ao monturo e de lá de sua tribuna magistral, apontou trilhas das formigas, um Xamã dando sentido, luz e filosofia à tribo.
O prego arrancado feito dente, no soco, trouxe um pedaço da gengiva da
madeira, cisco que o artesão tranforma em São Francisco, o resto podre de madeira casou com a ferrugem simpática do prego.
Na trespectativa o menino disse -" que bom que voce fez um travesseirinho pra ele". Nesse exato momento, desceu, no tresboliço do subscrito, uma cortina imensa floreada em céu, apareceu não sei de onde uma revoada de pombos, entoando um funk da moda. Do outro lado um coral com setenta cães ganindo e seus donos, todos castrados, um DJ vegetariano, começou a rodar os discos e a platéia, carente e ensandecida, começou a tirar as roupas, um drone imitando a Joelma batia o cabelo, enquanto o menino contrariado, desenhava com lápis de cor, vovó, tentando manter a ordem, gritava: Parem , Parem... mais eles se masturbavam, mentalmente, é claro. Sei que não foi fácil, mas até hoje está lá, uma plaquinha comemorativa do feito.
Manoel de Barros
Visitou nossa Escola
Ele riu muito, no meio da hostória e dormiu sorrindo pra acordar na eternidade, com um prego torto na mão.
Hélio Leites