Intrepidez de Valente Guerreiro: VIVER
Quando o homem irrompe a barreira do não ser e se vê existindo, seja por chamamento do Criador ou por bravura de seus elementos potenciais, tem início uma batalha infinda. Começa com o espermatozóide que deve correr mais que outros bilhões, para chegar antes e a tempo de fecundar o óvulo. A potência vira ato. O não ser vira ser. Um novo ente é concebido.
O embate continua dentro do útero materno. Aqui já começa existir a consciência, a memória e a razão intuitiva. Nesta primeira etapa há os que têm uma vida fácil, tranqüila, rodeada de segurança e conforto. Há os que somente conseguem sobreviver. E os que têm de lutar ferrenhamente para não morrer. Tudo depende do organismo materno. O confronto é entre a vida e a morte. Enfim nasce. Onde chegará?
Inicia-se novo prélio. Manter-se vivo nos primeiros momentos. Ter saúde ao longo da vida. Viver bem e com segurança. Alcançar sucesso. Acumular riquezas. Guardar a fé. Manter bons princípios. Desenvolver a capacidade de adquirir conhecimentos. Desde o primeiro dia de vida a guerra deve ser empreendida a cada momento, para não sucumbir precocemente. Aqui, além da consciência, da memória e da intuição, começa existir e atuar a razão discursiva, ou seja, a inteligência, o raciocínio, a lógica e a vontade.
Quem não tem disposição para enfrentar a peleja, no dia a dia, poderá chegar à morte definitiva sem ter completado seus dias. Quem se dispões à luta poderá chegar à vida eterna quando findar o tempo da batalha.
Há ainda uma outra ação verdadeiramente bélica a ser enfrentada pelo homem que vive, a luta da alma contra tudo que é efêmero. Aqui atua a imaginação, a emoção, a fé a graça e o coração.
É uma questão de honra, orgulho e audácia completar o combate e vencer. Tudo dependerá da intrepidez do valente guerreiro. A vitória ou a derrota estão em suas mãos, em sua inteligência e em sua vontade. Perdem os acomodados e vencem os arrojados. O triunfo derradeiro consiste em irromper a barreira do tempo e ressuscitar gloriosamente na eternidade. Viver, heis a questão.
Amani Spachinski de Oliveira