Enclausurada
O tempo escorre pelos meus dedos enquanto, avidamente, busco o que já se foi. A vida é breve. Tal qual um sopro, um suspiro, um clímax. Para onde foram as antigas emoções? Por vezes, em sonhos, parecem me envolver. Puro devaneio de minh'alma inquieta!
Insisto nessa fuga. Entrego-me inebriada aos sons, aromas e imagens de um passado longínquo. Distancio-me da fragilidade do agora, quando sinto o peso da impermanência. Busco eternidades! Imersa no ontem, meus dias correm sem qualquer lampejo de razão que me conecte ao hoje.
Permitam-me estar, sem interferências salvacionistas, no Templo que escolhi. Dispenso sagrações!
Quem sabe, em algum paraíso cósmico, eu encontre o que me parece perdido?
Estrangeira de mim. Enclausurada à irrealidade de meus sonhos, para todo o sempre.
.
— Ou até que se desvende o grande mistério ao qual chamamos Vida. —
Belvedere Bruno